Calvície: segundo pesquisa, a área careca tem uma
concentração maior de uma proteína que inibe o crescimento de cabelo
(Thinkstock)
Opinião do especialista
Lucia Mendelmembro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology e colunista do site de VEJA
O estudo é interessante, merece atenção e deve ser discutido, já que pode colaborar futuramente para o combate à calvície.
Trata-se, no entanto, de um resultado inesperado, já que as prostaglandinas (substâncias que funcionam como mediadores químicos, coordenando muitas das funções do organismo) são vistas como estimulantes do crescimento de pelos ou cabelos. É o caso do bimatoprost, medicamento análogo à prostaglandina, que estimula o crescimento de cílios e sobrancelhas. O bimatoprost é usado no Latisse, produto que aumenta o número de cílios, o comprimento, a espessura e escurece os fios.
Existem alguns estudos que mostram que as prostaglandinas incrementam o crescimento de cabelos no couro cabeludo em pessoas com tendência à calvície.
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Até os 70 anos de idade, 80% dos homens são acometidos pela calvície de padrão masculino. De acordo com a dermatologista Leila Bloch, o padrão masculino do problema significa que a calvície se deve, em grande parte, a fatores genéticos, e a perda do cabelo tende a começar pela parte da frente ou pela parte superior da cabeça.
"Por isso, o sexo masculino se beneficia mais do que as mulheres com as descobertas em torno de proteínas e hormônios que ajudam a impedir a queda de cabelo. Eles são mais sensíveis a ações hormonais do que elas, já que o padrão feminino de calvície incorpora principalmente outros fatores, como os emocionais ou alimentação, do que o hereditário", diz a médica.
No estudo, os pesquisadores analisaram o tecido do couro cabeludo de homens com e sem calvície. Eles observaram que os homens calvos apresentaram níveis de PGD2 até três vezes mais elevados do que aqueles que não tinham o problema. Após identificar isso, a equipe realizou testes em ratos que haviam sido modificados para apresentar grandes quantidades da proteína. A experiência mostrou que a proteína inibiu o crescimento de pelos nos animais, que ficaram completamente 'calvos'.
Segundo os pesquisadores, essa inibição ocorreu por meio de um receptor chamado GPR44 e, portanto, ele seria a chave para um novo e promissor alvo terapêutico para a calvície e poderia ajudar a compor um creme que tratasse o problema. Na opinião da dermatologista Leila Bloch, se as terapias baseadas nessa proteína se mostrarem eficazes, um produto para o tratamento da calvície poderia ficar pronto em dez anos. Ou seja, antes do que um tratamento com células-tronco, que estima-se fique disponível entre 15 e 20 anos.
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