Um dos motivos de maior procura para tratamentos de queda capilar tem
como diagnóstico a alopecia androgenética, também conhecida como
calvície.
É frequente percebermos um grande número de publicações na mídia não
especializada (leiga), que busca informar sobre o problemas, falando
sobre causas, fatores associados, tratamentos, últimas
novidades/tecnologias, mitos e verdades e demais informações variadas.
Tudo em virtude da grande preocupação que o problema causa.
Frequentemente as publicações especializadas, revistas científicas da
área da saúde, trazem nova luz a conhecimentos sobre a alopecia
androgenética. Mas, como muito é publicado, fica difícil realmente saber
o que é realmente importante para o médico e o paciente entre tantas
publicações, uma vez que penso que o leitor que busca informações sobre o
tema deve estar interessado em saber o que pode ser feito hoje para
ajudar na preservação dos seus cabelos.
A última edição do periódico médico Indian Journal of Dermatology, Venereology and Leprology (Set/Out
2013) resolveu abordar temas voltados à área capilar. Acabei
encontrando nessa edição uma atualização de literatura interessante
sobre a calvície genética escrita por F. Kaliyadan, A. Nambiar e S
Vijayarahavan.
Vale ressaltar que o artigo valoriza a importância do impacto
psicoemocional da alopecia androgenética, uma vez que essa manifestação
causa estresse importante e comprometimento da auto estima.
Os autores reforçam a importância da fisiopatologia relacionada aos
hormônios androgênios, em especial a atividade da diidrotestosterona
(DHT), como agente de importância maior no processo de evolução do
quadro, sendo este um estimulador da miniaturização folicular, que cursa
com afinamento dos fios e consequente maior queda de cabelos. Apesar
disso, não descarta o papel de outros androgênios como a
deidroepiandrosterona, sulfato de deidroepiandrosterona, androstenediona
e até mesmo a testosterona como agentes que podem ser transformados
(convertidos) pela ação de enzimas em DHT e atuar no processo de
evolução da calvície.
Um ponto de destaque que eu faço aqui é que agentes facilitadores da
entrada desses hormônios nas células capilares (receptores de membrana),
assim como uma maior concentração da atividade das enzimas que
transforma androgênios em DHT são motivos que justificam, por exemplo,
não encontrarmos alterações desses hormônios no sangue dos pacientes e,
ainda assim, termos pacientes evoluindo para calvície.
Os autores também comentam a importância de outros fatores químicos,
como os fatores de crescimento, que podem interferir no processo Quando
há menor produção de algumas dessas substâncias, em especial o fator de
crescimento insulínico (IGF-1), fator de crescimento fibroblástico
básico (b-FGF), Fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF), a
fase de crescimento dos cabelos (anágena), é descontinuada e o folículo
entra em fase catágena, fase que precede a fase de queda capilar,
conhecida como telógena.
O aumento da expressão de outras substâncias como e citocinas como o
fator de crescimento transformados Beta 1 (TGF Beta 1), Interleucina 1
alfa (IL-1 alfa), fator de necrose tumoral alfa (TNF alfa), promove
morte das células da matriz dos cabelos, também facilitando a passagem
de folículos em fase de crescimento para a fase de queda.
Uma atividade celular relacionada à uma substância conhecida como
catenina Wnt/beta, que via de regra mantém o folículo em atividade, pode
ser influenciada negativamente pela ligação de androgênios com
receptores desses androgênios nas células foliculares. Isso, de certa
forma pode favorecer a evolução do quadro de alopecia.
Com conhecimentos como esses, o profissional médico tem ferramentas
importantes para atuar nos cuidados com os pacientes que sofrem com o
problema. Acredito que no futuro, novas possibilidades e conhecimentos
facilitarão o aparecimento de medicamentos ou substâncias que poderão
ter utilidade prática na clínica capilar. Porém, o que temos hoje já são
ferramentas interessantes para os cuidados e manutenção dos cabelos de
quem sofre com alopecia androgenética.
Postado por Dr Ademir Carvalho Leite Júnior - CRM SP: 92.693
Nenhum comentário:
Postar um comentário
SEU COMENTÁRIO SERÁ DE GRANDE VALIA PARA O NOSSO CRESCIMENTO.