Existem mais de 100 causas diagnosticadas para a
indesejável queda de cabelo. Dentre elas, a mais comum é a chamada
alopecia androgenética, popularmente conhecida como calvície. A doença
pode atingir homens e mulheres por razões distintas e, quanto antes for
iniciado um tratamento, maior a chance de estabilizar o problema.
A
calvície é causada por um fator genético associado à interferência
hormonal. No caso do homem, o hormônio masculino – testosterona - viaja
pela circulação sanguínea até chegar à raiz que produz o cabelo. Na
parede da raiz, existe uma enzima que, em contato com a testosterona,
produz uma reação química que resulta em outro hormônio – o DHT
(dihidrotestosterona) - provocando um enfraquecimento dessa raiz e, por
consequência, a queda dos pelos.
Algumas pessoas têm maior produção dessa enzima. São as que têm maior
tendência a sofrerem queda de cabelo acentuada, que pode levar à
calvície.
Este específico fator genético é individual, ou seja, da constituição
da própria pessoa e não necessariamente hereditário. É comum ver filhos
de pais calvos que não sofrem com o problema, ou vice-versa.
Quando acontece, normalmente os fios vão afinando em função de suas
raízes enfraquecidas. Geralmente o homem, com uma forte tendência à
calvície, começa a sofrer com a queda de cabelo no final da
adolescência, a partir dos 17 ou 18 anos de idade.
Queda diária
Uma pessoa sem problema de calvície perde, em média, de 50 a 100 fios
de cabelo por dia. Os fios caem porque já cumpriram o seu ciclo de
vida. Depois de nascer, permanecem na cabeça por cerca de dois anos até
caírem, abrindo espaço para o surgimento de novos fios.
“Todos nós perdemos cabelos ao longo da vida, ao que chamo de perda
fisiológica. Não teremos, aos 60 anos, a mesma quantidade de fios que
tínhamos aos 20. Mas essa perda é natural e não é suficiente para causar
uma calvície acentuada”, explica o médico dermatologista do Hospital
Israelita Albert Einstein, especialista em transplante de cabelo, Dr.
Francisco Le Voci.
Nas pessoas com tendência a uma queda acentuada, é comum a perda média de até 500 fios por dia.
Diagnosticando o problema
Os homens demoram mais tempo do que as mulheres para perceberem o
nível de queda diária porque, na maioria das vezes, mantém seus cabelos
mais curtos.
É bastante raro um homem tornar-se calvo a partir dos 35 anos sem ter notado quedas a partir do final da adolescência.
Por uma característica anatômica das raízes, é mais comum ver homens
que são calvos apenas no topo da cabeça. Isso acontece porque na região
lateral - e principalmente na nuca - as raízes são mais fortes do que na
região que vai da testa até a chamada ‘coroa’.
Calvície feminina
A calvície feminina geralmente tem duas razões principais. Algumas
contam com uma produção de testosterona maior do que a normal; outras
têm a produção normal, mas maior sensibilidade na captação desse
hormônio pelas raízes do cabelo.
Quando há desconfiança de que a mulher está produzindo testosterona
acima das taxas normais o médico, antes mesmo do tratamento da calvície,
deve diagnosticar a razão desta alta produção e tentar diminuí-la.
Diferentemente dos homens - que em geral perdem cabelo acentuadamente
enquanto jovens - nas mulheres, a queda pode acontecer ao longo dos
anos, dependendo do seu comportamento hormonal e do uso de medicamentos
(por exemplo: alguns tipos de pílulas anticoncepcionais, de
antidepressivos e emagrecedores com princípios ativos que atuam na
tireoide).
Oitenta por cento das mulheres que já passaram pela menopausa relatam
acentuação na queda - que pode ser leve, moderada ou severa.
Tratamento
O ideal é procurar um tratamento o mais precocemente possível!
O tratamento com medicamentos deve ser realizado
enquanto o paciente ainda tem cabelos; por isso a importância de se
iniciar o tratamento o quanto antes.
Assim que começarem a aparecer ‘entradas laterais’ e a queda de
cabelo - no banho, no travesseiro e na hora de pentear - deve-se
procurar um médico dermatologista para tentar estabilizar ou reduzir o
problema.
“O tratamento com medicamentos deve ser realizado enquanto o paciente
ainda tem cabelos; por isso a importância de se iniciar o tratamento o
quanto antes. Ainda não existem medicamentos que façam nascer cabelos se
as raízes já estiverem atrofiadas. O tratamento precoce diminui o
enfraquecimento da raiz”, explica o dermatologista do
Einstein.
Transplante
O transplante de cabelo é indicado principalmente para indivíduos acima de 30 anos.
“Antes disso, com o paciente muito jovem, o procedimento geralmente
não é indicado porque ainda não é possível saber de que forma a calvície
pode evoluir em seu caso. Preferimos esperar”, afirma o médico.
Estresse
Apesar da causa principal de calvície ser o fator genético associado à
interferência hormonal, o estresse também pode ser motivo para uma fase
de queda de cabelo mais intensa.
A pele e o sistema nervoso têm a mesma origem embriológica, ou seja,
são formados juntos enquanto somos embriões. Durante a vida, nos
momentos de estresse, ocorre a liberação de substâncias pelo sistema
nervoso que podem atingir os receptores da pele, da qual os cabelos
fazem parte. Sendo assim, os cabelos também podem sofrer nos períodos de
estresse.
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Outras causas
Além do estresse, outros tipos de alteração hormonal, carência de
proteína e de ferro no organismo, anemia, perda de peso e uso de
medicamentos como os de quimioterapia, entre outros, também provocam
aceleração da queda.
Perspectivas
Já existem muitos estudos em relação à utilização de células-tronco
na reconstituição de raízes capilares fracas ou atrofiadas. Acredita-se
que em cinco ou 10 anos essas células possam começar a ser usadas para
refazer as raízes e prevenir a chamada “careca” nos indivíduos que têm
tendência à doença.