TRICOTILOMANIA

Tricotilomania: o diagnóstico de um distúrbio que requer tratamento

Muitas pessoas não sabem, mas, mais do que uma simples “mania”, o desejo incontrolável de arrancar os cabelos (seguido da ação, efetivamente) é caracterizado como um distúrbio crônico e recebe o nome de “tricotilomania” – “TTM”.
Nas pessoas que apresentam essa compulsão, os fios arrancados costumam ser aqueles que se encontram no couro cabeludo, nas sobrancelhas e nos cílios. Menos frequentemente, porém, há aquelas que arrancam ainda os pelos da barba e também os pubianos. Além disso, para quem sofre desse distúrbio, é comum que se “brinque” com os fios arrancados, observando a sua raiz, passando-os nos lábios, mordendo-os e/ou, até mesmo, comendo-os – desordem esta que se denomina “tricotilofagia”. Nestes casos, a ingestão dos fios causa o acúmulo de cabelos no estômago e/ou até mesmo nos intestinos, exigindo, na maioria das vezes, a realização de uma intervenção cirúrgica a fim que tal novelo seja removido.
Embora, conscientemente, essas ações não façam sentido para o próprio tricotilomaníaco, ele não possui controle sobre elas – via de regra, sente-se envergonhado e tenta esconder o transtorno. Por essa razão, estima-se que 40% dos casos não sejam diagnosticados.
Além dos adultos, crianças e adolescentes também estão sujeitos ao desenvolvimento desse quadro, sendo que, em relação às crianças, é possível que elas venham a arrancar os pelos dos seus animaizinhos de estimação.
É importante destacar que existem estimativas a respeito de duas faixas etárias nas quais a tricotilomania ocorre com maior frequência: primeiramente, no grupo de (pré-)adolescentes entre 11 e 14 anos de idade; em segundo lugar, em crianças de 6 a 10 anos. Há também evidências de que a TTM já tenha se manifestado em idade mínima de 1 ano; de modo geral, é incomum que se verifiquem os seus primeiros sintomas após os 29 anos de idade.
Outro dado relevante é de que a tricotilomania acomete mais as mulheres do que os homens. Em ambos, em a compulsão se desenvolvendo já na sua fase adulta, a doença se revela mais grave do que o seria em crianças. Por conseguinte, o tratamento torna-se mais difícil também.
Independentemente de a tricotilomania se desenvolver na infância, na adolescência ou já na idade adulta, o fato é que a anomalia pode durar toda a vida, levando o indivíduo à calvície total, com uma série de desdobramentos para a sua autoestima e convivência social.

O que causa a TTM e como diagnosticá-la

Pesquisas indicam que não há uma associação entre a tricotilomania e fatores psicológicos, embora não se saiba, especificamente, o que a causa. Existem diversas teorias a respeito, como, por exemplo, a possibilidade de que ela esteja relacionada aos altos níveis de estresse e/ou a outros acontecimentos marcantes, que poderiam ter originado os primeiros sintomas – falecimento na família, divórcio, início das aulas escolares ou de um novo emprego, mudança de residência ou país, etc. Dentre outras causas, constam desequilíbrio químico, problema genético ou reação alérgica, provocada a partir de uma dieta inapropriada. De todas, supõe-se que a mais provável seja a combinação de fatores genéticos que desencadeariam um desequilíbrio químico, que, somado a questões emocionais, principiaria o distúrbio. À parte as especulações, estudos continuam sendo empreendidos a fim de que mais informações possam ser descobertas.
Para diagnosticar se, de fato, uma pessoa sofre de tricotilomania, o médico é sempre o profissional mais indicado. Ele avaliará a recorrência com que o paciente arranca os próprios fios de cabelo, se esta prática já resulta numa perda capilar perceptível, se, antes de arrancá-los, o paciente tem uma sensação crescente de ansiedade ou aumento da tensão, se, posteriormente a fazê-lo, apresenta uma sensação de alívio/satisfação/prazer, se lhe falta controle do ato de repetir esse comportamento e, ainda, se desta compulsão decorre um sofrimento clinicamente significativo ou um prejuízo no funcionamento ocupacional/social das suas atividades.
Para tanto, é importante que sejam eliminadas as possibilidades de doenças no couro cabeludo e/ou de doenças que produzam vivências delirantes – avaliações que somente os especialistas poderão fazer, sob os pontos de vista psiquiátrico e dermatológico.
Com propriedade no assunto, o dermatologista especializado em tricologia é o profissional que observa a existência de diferentes fios de cabelo nas regiões afetadas do couro cabeludo: rarefação de fios em algumas, cabelos partidos em outras, fios rebrotando, renascendo encaracolados irregularmente, além de possíveis escoriações ou pequenos ferimentos. Na Tricosalus Clinics, com a inovadora tecnologia do Tricotest – um scanner digital que aumenta em até 200 vezes a imagem dessa área –, tal análise (rápida e indolor) é ainda mais assertiva. Contudo, a fim de que se confirme o diagnóstico de TTM, é essencial que, além da observação, sejam realizados alguns testes e exames dermatológicos, também disponíveis na Tricosalus.

O tratamento da tricotilomania

Como se pode perceber, o tratamento da tricotilomania exige a atuação conjunta de profissionais médicos com diferentes especialidades – o dermatologista/tricologista, o psiquiatra e o psicoterapeuta cognitivo-comportamental, por exemplo.
Na abordagem cognitivo-comportamental, o objetivo da psicoterapia consiste em modificar comportamentos específicos, ensinando determinadas técnicas ao paciente, a fim de que ele possa resistir ao impulso e obter controle sobre o seu comportamento (a chamada “reversão de hábito”). Assim, a ênfase é dada à modificação do problema, e não às origens que podem tê-lo provocado.
Até o momento, não existem medicamentos que possam curar a TTM, conquanto possa ser necessária a prescrição médica. A função dos medicamentos (antidepressivos e neurolépticos) é a de corrigir o funcionamento dos neurotransmissores (portanto, não são calmantes nem estimulantes), administrados juntamente com a psicoterapia.