FOLÍCULO PILOSO

FOLÍCULO PILOSO

terça-feira, 2 de julho de 2013

FINASTERIDA X ALOPÉCIA ANDROGENÉTICA






Introdução


Com a estética em evidência nos tempos atuais, é grande a preocupação com a beleza, especialmente com o cabelo, tanto em homens como nas mulheres. Porém, maior ainda e torna a

preocupação quando os cabelos começam a cair e a alopecia começa a mostrar seus sinais clínicos. As alopecias constituem-se nas afecções caracterizadas pela diminuição ou ausência de cabelos e/ou pêlos

Existem muitos tipos de alopecia e entre as mais conhecidas estão a androgenética - que é tema deste estudo; a areata – que não tem causa hormonal, mas uma predisposição genética que seria estimulada por fatores desencadeantes, como o estresse emocional e fenômenos auto-imunes; e aquelas decorrentes de uso de inibidores da recaptação da seratonina.



Características


O número médio de cabelos varia de 100.000 a 150.000 fios, a média de perda diária encontra-se entre 50 e 100 fios ao dia nos adultos e a de crescimento ao redor de 0,35mm por dia. Os cabelos das mulheres crescem mais rápido do que os cabelos dos homens.

Na alopecia androgenética ocorre a substituição dos terminais de cabelo por outros mais finos, curtos e sem pigmento. Este processo pode começar em qualquer idade após a puberdade e pode se tornar clinicamente aparente ao redor dos 17 anos nos homens e dos 25 a 30 anos nas mulheres endocrinologicamente normais. Por volta dos 30 anos de idade 30% dos homens apresentam a Alopécia Androgenética, sendo que esse número sobe para 50% aos 50 anos.

Quando se apresenta a Alopécia Androgenética alguns homens estarão calvos após cinco anos, enquanto a maioria levará de quinze a vinte e cinco anos para se tornarem totalmente calvos. A incidência da Alopecia Androgenética é maior em quatro vezes na raça branca que na raça negra.

Apesar do estágio atual do conhecimento e dos trabalhos realizados a respeito da doença, ainda não é possível uma compreensão total das causas da alopécia. No entanto, observações morfológicas revelam dados suficientes para classificá-las em cicatriciais e não cicatriciais.

As alopecias cicatriciais resultam de mal-formações, danos ou destruição dos folículos pilosos, os quais deixam de produzir o cabelo, seja por falha do próprio folículo ou por algum processo externo

. Os folículos podem estar ausentes por um defeito no desenvolvimento ou em conseqüência de

algum trauma, como queimaduras. Já as alopecias não-cicatriciais são mais complexas e envolvem principalmente a entrada precoce de folículos na fase telógena do ciclo capilar e o encurtamento da fase anágena, assim o cabelo torna-se mais curto, fino e despigmentado

A alopécia androgenética constitui-se em uma calvície em que o indivíduo possui níveis elevados de andrógenos e uma herança autossômica dominante, ou seja, andrógenos e predisposição genética para esta doença. Esse tipo de alopécia pode afetar tanto o homem quanto a mulher, porém com padrões morfopatológicos diferentes. No homem ocorre geralmente afetando áreas frontoparietais e/ou no vértex da cabeça. Variações nesses padrões são determinados por fatores genéticos e a progressão da calvície é influenciada pela hereditariedade. Na mulher é mais comumente observado um tipo de alopecia frontotemporal, sem haver calva.




Indicações e posologia


A finasterida é um hormônio antiandrógeno que inibe a 5-alfa-redutase, conversor da testosterona em

dihidrotestosterona, a forma mais potente da testosterona. É utilizada para o tratamento da queda de cabelo de origem androgenética, hirsutismos e hiperplasia prostática benigna. A posologia deste fármaco é de 1mg por dia para calvície e 5mg ao dia para hipertrofia de próstata.

Para o hirsutismo a dose é determinada pelo médico, dependendo do caso clínico.



Histórico


A relação entre a queda de cabelo e os níveis de testosterona foi observada por Hipócrates e o termo alopécia possui mais de dois mil anos. Primeiramente, Hipócrates os associou com a perda do pelo das raposas, em determinada época do ano. Em 460 a.C., ele observou que crianças e eunucos não desenvolviam calvície. Entretanto, foram os estudos científicos de J. B. Hamilton, no início da década de 40, que mostraram uma deficiência hormonal que conduzia à não produção de testosterona, antes da puberdade. Além disso, o padrão de calvície não ocorre em homens que possuem deficiência genética na segunda isoenzima da 5-alfa-redutase, o que indicaria o papel desta enzima como principal envolvida no processo que levaria à queda de cabelo. Assim, devido ao fato de possuir o seu mecanismo de ação por inibição enzimática, a finasterida mostrou-se eficaz no tratamento da alopecia androgenética ao ser administrada a homens com hipertrofia da próstata, quando foi observada uma grande melhora da calvície nesses homens



Estrutura e estabilidade


A estrutura química da finasterida é C23H36N2O2..

A finasterida é um pó branco ou quase branco, cristalino, que possui polimorfismo, praticamente insolúvel na água, facilmente solúvel em álcool, clorofórmio e diclorometano. Deve ser mantida ao abrigo da luz, em sala com controle da temperatura (entre 15 e 30ºC) e em recipiente hermético. Biodisponibilidade e farmacocinética

A administração da finasterida é realizada por via oral, possuindo metabolismo hepático, excreção em sua maioria nas fezes (57%) e na urina (39%) em forma de metabólitos. Possui biodisponibildade de 63% e meia vida de 6 horas em jovens e de 8 horas em pessoas acima dos 70 anos.



Interações e contra-indicações



A finasterida não possui interação com outros medicamentos, sendo possível, portanto, sua administração concomitante com outras substâncias considerada segura. É apenas contraindicada para mulheres em idade fértil, grávidas - podendo levar à feminização

do feto do sexo masculino - ou que estão amamentando, pelo mesmo motivo, visto

que a finasterida pode estar presente no leite materno.. Pode ser administrada com ou sem alimentação, na dose de 1mg ao dia para o tratamento da calvície.





Dopping



A utilização da finasterida por atletas tem recebido grande destaque na mídia por ser considerada um dopping esportivo. A finasterida está entre as substâncias proibidas aos atletas, de acordo com a lista da Agência Mundial Anti-dopagem (AMA). O que ocorre verdadeiramente é que a finasterida não traz nenhuma melhora no desempenho físico do atleta, mas sim pode mascarar a presença de metabólitos vindos de anabolizantes. Deste modo, a utilização de anabolizantes não será detectada nos testes anti-dopping. Atualmente, estes possuem metodologias analíticas avançadas e, mesmo com a utilização da finasterida, detectam a presença de metabólitos dos anabolizantes na urina. A partir do ano de 2009, a finasterida saiu da lista de substâncias proibidas no esporte da AMA porque não interfere mais na detecção de anabolizantes na urina, visto que mesmo com a utilização de finasterida, anabolizantes são detectáveis, pela modernização dos testes.



Utilização da finasterida em mulheres



Ultimamente a finasterida vem sendo muito administrada também em mulheres, fato que seria contra-indicado para mulheres em período fértil. Contudo, observou-se um grande benefício no tratamento do hirsutismo em mulheres tratadas com esta substância. O hirsutismo é uma doença específica feminina, caracterizada por apresentação de pêlos indesejáveis nas mulheres, em partes do corpo em que esses pêlos são comuns em homens, como no rosto (barba e bigode) e no peito. No hirsutismo, a mulher tem altos níveis de di-hidrotestosterona, em concentrações anormais para mulheres, o que leva ao desenvolvimento de pêlos característicos do sexo masculino desenvolvidos após a puberdade. A finasterida diminui os níveis do hormônio masculino, por ser uma substância anti-androgênica, regularizando a concentração de testosterona. Assim, a mulher apresenta concentrações consideradas dentro da normalidade de testosterona para o sexo feminino, eliminando os pêlos indesejáveis. As mulheres têm uma determinada concentração de
testosterona, mas que apresenta-se normalmente inferior em relação aos homens. Apesar do tratamento ter sucesso para este caso, a finasterida é um medicamento de segunda escolha,  nos casos em que a mulher não pode utilizar anticoncepcionais orais como o citrato de ciproterona. Ao ser prescrita finasterida às mulheres é preferível que estejam fora do período fértil (após a menopausa) ou que não corram o risco de engravidar, devendo utilizar métodos contraceptivos eficientes. No caso de ocorrer uma gravidez em mulheres que utilizam a finasterida, pode ocorrer feminização em fetos do sexo masculino.



Efeitos adversos



A utilização da finasterida para alopécia androgenética foi avaliada quanto à segurança em estudos clínicos envolvendo mais de 3.200 homens. Em três desses estudos, com 12 meses de duração, controlados com placebo, duplo-cegos, multicêntricos e com protocolos comparáveis, o perfil de segurança global da finasterida e do placebo foram similares. A descontinuação da terapia medicamentosa em função de efeito adverso clínico ocorreu em 1,7% dos 945 homens tratados com finasterida e 2,1% dos 934 homens que receberam placebo. Nesses estudos, os seguintes efeitos adversos relacionados ao medicamento Finasterida foram relatados em mais de 1% dos homens tratados: diminuição da libido (finasterida, 1,8% vs. placebo,
1,3%) e disfunção erétil (1,3% vs. 0,7%).  Além disso, foi relatada diminuição do volume do ejaculado em 0,8% dos homens tratados com finasterida e 0,4% dos homens que receberam placebo.  Esses efeitos desapareceram nos homens que descontinuaram a terapia e também em muitos que mantiveram a terapia. Em outro estudo, o efeito da  finasterida no volume do ejaculado foi avaliado e não foi diferente daquele observado com o grupo placebo. Alguns relataram o aumento do volume e da sensibilidade da mama e reações de hipersensibilidade, incluindo edema labial e erupções cutâneas. Em estudos clínicos com finasterida, a incidência desses eventos não foi diferente da observada pelos pacientes do grupo placebo. Os efeitos colaterais mais comuns são a diminuição da libido e a disfunção erétil. Porém, uma vez cessado o tratamento, a maioria dos efeitos colaterais desaparecem.





Segurança





Ainda não é possível ter certeza de todos os efeitos adversos decorrentes da utilização da finasterida. Por ser um medicamento novo, podem surgir efeitos adversos diferentes dos relatos em estudos e não se tem clareza quanto à sua segurança. Por este motivo a seguinte citação é colocada na bula do medicamento, em destaque, com a utilização de letras maiúsculas:



“ATENÇÃO: ESTE PRODUTO É UM

NOVO MEDICAMENTO E, EMBORA AS

PESQUISAS REALIZADAS TENHAM

INDICADO EFICÁCIA E SEGURANÇA

QUANDO CORRETAMENTE INDICADO,

PODEM OCORRER REAÇÕES

ADVERSAS IMPREVISÍVEIS AINDA

NÃO DESCRITAS OU CONHECIDAS.

EM CASO DE SUSPEITA DE REAÇÃO

ADVERSA O MÉDICO RESPONSÁVEL

DEVE SER NOTIFICADO”.







Por este motivo, pode surgir um efeito adverso até então desconhecido e que possa ser

preocupante.





Conclusão



A partir dos resultados apresentados nesta revisão, é possível verificar que a finasterida tem apresentado um grande destaque no tratamento da alopecia. A substância é considerada segura e apresenta pouca incidência de efeitos colaterais, não possui interações medicamentosas conhecidas, e contra-indicação apenas às mulheres, gestantes e pacientes com hipersensibilidade aos componentes da formulação. Visto que esta formulação oferece mais vantagens do que desvantagens ao paciente e a sua utilização é considerada segura pelos testes clínicos realizados até o presente momento. Assim, a finasterida apresentasse como uma boa alternativa para pacientes que se preocupam com a estética capilar e querem tratar a calvície de origem androgenética.



REFERÊNCIAS

[1] ROGERS, Nicole E., AVRAM, Marc R.

Medical Treatments For Male And

Female Pattern Hair Loss. New York.

Acesso em 15 set. 2008.

[2] ESPINOZA, Dr. Alfonso - Stent

Intraprostático Más Finasteride:

Alternativa No Quirúrgica En Pacientes

De Alto Riesgo Con Hiperplasia

Prostática Benigna Servicio De Urología

Del Hospital Dr. Teodoro Maldonado

Carbo. Guayaquil – Ecuador. Acesso em

17 set. 2008.


[4] GLINA, Sidney, NEVES, Paulo

Augusto, SAADE, Ricardo, JR., Nelson

Rodrigues Netto, SOARES, Jonathas

Borges, GALUPPO, Andrea Giannotti.

Revista Do Hospital Das Clínicas.

Infertilidade Masculina Associada Ao Uso

De Finasterida. Vol.59 no.4. São Paulo,

2004.

[5] Revista Brasileira De Psiquiatria

Alopecia Secundária Ao Uso De Inibidor

8

Seletivo Da Recaptação De Serotonina:

Relato De Dois Casos. Vol. 28 n.4. São

Paulo. Dez. 2006.






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Equipe CMC - Curitiba e Florianópolis

Dr. Gustavo Sartorato - Tricologia Médica Clínica e Cirúrgica
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